#06 A delícia de ser insignificante numa vida que precisa de significados

2025 vem para mostrar (com força) que ter uma vida sem exposição e milhões de likes é o sintoma que chega como resposta para um mundo exausto de tanta peroformance. Vem que eu te explico!

Primeiro veio o movimento de muitas pessoas saírem das redes sociais; depois algumas tantas outras pessoas mudarem os perfis abertos para privados; na sequência influenciadoras terem perfis fechados somente para publicações ordinárias e sem pressões de organizações estéticas… Se você se comprometer a analisar o cenário, vai compreender que há de fato algo acontecendo em torno da vida que se leva e se expõe na internet. Não à toa, o que mais se ouve falar em papos aleatórios - por diferentes grupos que transitamos, e você vai concordar comigo - é que há uma exaustão em tudo que se vê nos infinitos rolar de tela ao longo do dia. Não tem jeito: ninguém aguenta mais a si mesmo quem dirá aguentar os outros e suas performances apenas em busca de aplausos - e não de conexão real e emocional genuínas.

O que vamos querer mais do que nunca neste ano de 2025 é viver uma vida com sentidos e significados reais. E é curioso pensar que os sentidos que permearam até então foram em torno da busca de likes ou engajamentos e não por compartilhamento de afetos ou diálogos. É curioso que a gente tenha vivido uma vida em busca de métricas tão vazias e que não valorizem uma vida que vale a pena ser vivida.

Pelas lentes do meu filho: perdida pelas ruas de Buenos Aires entendendo da melhor forma a deliícia de ter momentos à deriva.

Tive um estalo sobre o assunto ao escutar o podcast De Saída, do Chico Felliti, que traz a história da publicitária e influenciadora Jout Jout que decidiu sair da internet e se distanciar de qualquer holofote que a colocasse em um estado de protagonismo virtual. Jout Jout, entre um episódio e outro, diz como uma vida offline e sem aplausos digitais pode ter sabor e valor. E ela complementa por vários momentos: as redes sociais são um vício. E entender isso muda o jogo e a forma que se lida, onclsuive, com a abstnência.

Chico Felliti vai além e traz mais uma personagem para a história, que eu não vou lembrar o nome (peço desculpas!): uma youtuber que ganhou muito dinheiro com seu canal e se viu depressiva e com ansiedade. O desejo dela depois de tudo isso? Um trabalho CLT que ela não precisasse mercantilizar a propria vida por meio de narrativas sedutoras de um dia sem grandes feitos. Afinal, ter que romantizar e estetizar o almoço para pagar o jantar deve ser bem triste, vamos combinar.

Vale um adendo pessoal aqui. Uma certa vez fui para Paris e acompanhei de perto algumas influenciadoras que estavam na cidade-luz a trabalho. Umas vivenciavam o estresse de não serem as preferidas em certos eventos; outras sentiam o amargo de não terem likes e nem serem relevantes em seus nichos; e algumas perdendo a compostura e tato em eventos só para garantirem fotos ou close com famosos presentes. O que fica disso, por exemplo? Que Paris ou qualquer outr lugar do mundo é muito mais interessante quando você sabe o papel que desempenha nele - seja como turista ou como um profissional anônimo que trabalha bem na função designada-, mas que não precisa buscar likes e aprovação. Ou seja: o anônimato pode parecer insignificante, mas ele garante que a gente possa trabalhar com paz e muita maestria. Ou que possamos ter as férias que merecemos sem ter que vender looks em cada restaurante ou praia que visitamos.

Nosso valor não está na exposição que damos à nossa vida, mas sim no que construímos de forma silenciosa e que afeta diretamente os demais. Não sei vocês, mas os meus heróis e pessoas inspiradoras mal têm instagram. Na verdade, as pessoas que são significantes para a gente estão nos presenteando com afetos - sejam eles em forma de livros, poesias, reflexões ou até mesmo com mensagens atenciosas no whatsapp ou ligações supresas ao telefone.

Quem faz a diferença na nossa vida, pode apostar, não está em busca de fama. Está fazendo a diferença numa vida com sentido. Por isso, meu desejo para 2025 é que encontremos mais aquilo que nos faz suspirar na vida real. E que estejamos mais perto das pessoas que são de fato… SIGNIFICANTES.

Feliz ano novo!